Marcelo Lucchesi Teixeira
Welson Pimentel Alves Filho
Márcio Massami Yamada

Um dos questionamentos que sempre recebemos é: como eu faço para melhorar a seleção da cor dos meus dentes? Eu, particularmente, acho essa questão bastante pertinente por duas razões: a primeira é óbvia, esse é um assunto de grande complexidade (3), o que por si só, já gera grandes dúvidas; a segunda diz respeito à maneira como é ensinado o processo de cor nas faculdades de odontologia e nos cursos de pós graduação, com pouco tempo dedicado ao assunto e sem um preparo bem adequado das ferramentas que devem ser utilizadas para tal procedimento.

Quando se fala em seleção de cor dos dentes, sempre pensamos na escala Vita, a qual tem uma grande limitação de cores (16 paletas) ,(Figura 1)e que sempre usamos de maneira incompleta – quer para a seleção da cor, quer para a comunicação da cor. Essa conduta simplista, por vezes se mostra equivocada, o que pode gerar algumas frustrações clínicas, tanto por parte do profissional, como por parte do paciente.

dr welson (10)Figura1

Para entendermos isso, primeiramente precisamos entender que seleção de cor é diferente de comunicação da cor, especialmente em relação aos objetivos de cada procedimento.

A seleção de cor está relacionada à correta identificação dos parâmetros de matiz, croma e valor do dente. Esse procedimento pode ser realizado de várias formas, quer clinicamente por comparação com escalas de cores ou instrumentalmente, com uso de colorímetros, espectrofotômetros( 1,2,3), filtros polarizadores (5) e/ou fotografias digitais( 8)(Figuras 2 ,3 ,4 e 5). Esse processo pode ser treinado e melhorado. Alguns estudos (2,4 , 6)mostram que nós podemos melhorar nossa performance de seleção de cor com treinamentos ao vivo e on line (2), (Figura 7)alterando a escala de cor, o modo de uso e que a experiência também é um fator que interfere nos resultados finais da seleção da cor(7). Contudo, qual o real significado clínico de se ter uma boa performance na seleção de cor?figuras

dr welson (5)
Figura 7

Nossa experiência mostra que ser um craque na seleção da cor é insuficiente para se obter excelentes resultados clínicos. Podemos dizer, com tranquilidade, que selecionar bem a cor tem uma enorme validade para as restaurações diretas. Todavia, somente selecionar bem a cor não é suficiente. Para obtermos bons resultados devemos conhecer bem os parâmetros da chamada “Tríade estética” da cor do dente: translucidez, fluorescência e opalescência. Devemos também saber fazer um bom mapeamento do dente e conhecer as propriedades ópticas do esmalte, da dentina e da área de transição entre estas estruturas e dominar as massas da resina composta que estamos utilizando. Além disso, a maneira com a qual o corpo humano percebe o dente, mostra que a forma e a textura superficial (Figuras 6-12)são mais importantes que a cor, assim, devemos, também, saber trabalhar esses parâmetros(3).

figura8Figura 8

figura9Figura 9

dr welson (4)Figura 10

dr welson (3)Figura 11

 

dr welson (8)Figura 11

E quando eu vou fazer uma restauração cerâmica, como devo fazer a seleção da cor do dente? Nesses casos, cremos que o grande desafio está na comunicação da cor e não na seleção da cor propriamente dita, por uma razão bem simples: quem executa a restauração é o ceramista, ou seja, outro profissional (salvo raras e honrosas exceções). Dessa forma, o objetivo é, mais que selecionar a cor, transmitir a informação com acurácia das características dos dentes, tais como as dimensões físicas da cor, a tríade estética, a forma, a textura e o comportamento do mesmo sob diferentes condições de iluminação, para que consigamos usar o metamerismo em nosso favor.(3 ,9)

Dessa forma, precisamos promover uma comunicação eficiente entre o dentista e o ceramista. Para isso, podemos usar várias ferramentas, sendo o diálogo entre ambos essencial para se chegar a um resultado adequado, cumprindo as expectativas tanto do profissional quanto do paciente.


 

CASO CLÍNICO

Paciente do gênero feminino, com 35 anos de idade, queria substituir a coroa do dente 22 para o casamento. Nesse contexto, podemos ver que o grau de exigência é alto. Figura caso clinico com uso de escalas 3D Master Vita e

IPS E.max Ceram figuras 13-18 )dr welson (7) cópiaFigura 13

dr welson (5) cópiadr welson (4) cópiaFiguras 14 e 15

dr welson (3) cópiaFigura 16

dr welson (2)Figura 17

dr welson (6) cópiaFigura 18


Referência Bibliográficas

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9–Teixeira Ml, Alves Filho WP, Oliveira TA, Yamada MM .Capitulo de seleção de cor In-Reabilitação Oral Comteporânea Baseadas em evidências cientificas  ,Miayshita et al. Editora Napoleão 2014.

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